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Opinião - 18/05/2018

ALIENAÇÃO OU MÁ FÉ?

Olá amigos. Há alguns dias recebi uma mensagem em um grupo de whatsapp comparando o preço atual da gasolina com um suposto preço no governo Dilma, querendo dizer que as coisas pioraram no Brasil com a saída dela. Imagino que boa parte de vocês também tenha recebido. E confesso que quando recebi esse post fiquei bastante incomodado, pois minha percepção geral é oposta. Ou seja, por todos os ângulos que eu olho percebo um país, no mínimo um pouco melhor.

Tenho por princípio não entrar muito na seara política, pois é sempre um assunto delicado e tomado de paixões incandescentes, que normalmente se distanciam de uma análise racional e equilibrada. Tanto que me lembro quando adolescente de uma determinação da minha avó para os almoços de domingo: é proibido falar de futebol e política à mesa. Tamanha eram as confusões ocorridas quando esses assuntos vinham à pauta. E se isso ocorre entre família, imagina entre desconhecidos. Por isso não vou entrar nos méritos da crise político-policial em que o Brasil está mergulhado e na qual tenta se passar a limpo.

Optei, na verdade, por trazer a discussão para a seara econômica, para verificar com informações concretas, se, afinal de contas, a situação do país realmente piorou desde a saída da ex-presidente. E de cara encontrei uma inconsistência histórica, pois ao me ater mais detidamente sobre a informação, percebi que aquele preço citado no post era na verdade de alguns anos atrás (bem mais do que dois anos), enquanto o barril do petróleo estava em US$ 30.00 e a Petrobrás era esquartejada e dilacerada por um gigantesco esquema de corrupção. É um belo exemplo do que atualmente temos chamado de “Fake News”.

O resultado dessa pesquisa vocês podem acompanhar no quadro abaixo, com o comparativo entre a situação em abril de 2016, último mês do governo Dilma, com a situação em abril/maio de 2018. E acho que mesmo os leigos em economia vão perceber que a comparação é, no mínimo, grotesca. Através de 18 indicadores, busquei confrontar variáveis decisivas para a nossa economia e para a percepção de bem estar da nossa sociedade, como inflação, taxa de juros, taxa de câmbio, emprego, produção industrial, produção agropecuária, evolução do PIB, comércio internacional, investimentos estrangeiros, mercado de ações, combustíveis e dívida pública.

No comparativo dos dois períodos, só há perda atual em 2 indicadores: 1) a gasolina realmente subiu 12% desde maio/2016 até maio/2018, segundo a ANP. O detalhe é que no mesmo período o petróleo tipo WTI em Nova York subiu 56%, e em dólares; 2) o endividamento público, que subiu de 66,4 para 75,3% do PIB. Neste caso segue o descompasso entre o que o país gasta e arrecada. Mas com a lei de controle de gastos aprovada por esse governo no ano passado, esse % deve estabilizar em 2020, para recomeçar a cair na sequência. Em todos os demais indicadores observamos melhora. E na maioria dos casos, muito expressivas.

E como grande destaque o fato que nesses dois anos a equipe econômica conseguiu uma enorme proeza: vencer os dois grandes “monstros” que esmagavam a nossa economia até o primeiro semestre de 2016: inflação descontrolada e em elevação, e a mais profunda recessão da nossa história. Com isso, por qualquer ângulo que olhemos no aspecto econômico, a comparação é bizarra. Parece até que estamos falando de países diferentes, tamanha a discrepância. É evidente que há muito o que fazer. E que sem as reformas estruturais, como a da previdência, tributária, etc, em pouco tempo teremos jogado fora os esforços desses últimos dois anos. Mas daí a afirmar que pioramos de abril de 2016 para cá, ou é alienação absoluta ou má fé! Ou ambos!

    

Um agroabraço a todos!

Flávio Roberto de França Junior

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